Dia 19/10/89
Amanheceu e partimos de Jerusalém rumo ao Monte Sinai, localizado em território do Egito, para isto deveria chegar a Cidade de Eliat, localizada junto ao Mar do Mediterrâneo, porta de entrada da fronteira entre estes dois países.
Na fronteira, deveríamos sair de nosso ônibus, percorrer uma distância de aproximadamente de 200 metros, onde fomos revistados e revistados, sob o olhar dos militares que se posicionavam em suas trincheiras por onde deveríamos nos locomover até chegar ao outro lado onde um outro ônibus nos esperava, para nos levar ao vale do Sinai, localizado a 300 ou 400 km. Dali.
Já em território do Egito, dentro de um ônibus que não possuía nenhuma condição, sob um sol de 40 a 45 graus, iniciamos nossa viagem pelo deserto do Sinai. De vez em quando víamos alguns habitantes nômades do deserto, os beduínos, com suas famílias, camelos e trajes típicos, vagando pelas areias quentes, ao lado da estrada.
Passamos por diversas barreiras militares em nosso percurso, sob os olhos atentos dos soldados, por vezes pediam que parasse o veiculo para revista.
O caminho que percorremos foi o mesmo que o povo judeu comandado por Moisés percorreu em seus 40 anos circulando pelo deserto, até a terra prometida. Só areia, pedras, montanhas e por vezes arvores reserguidas em uma paisagem desértica, onde o vento no deserto levantava nuvens de poeira.
Ao anoitecer chegamos a um hotel localizado perto da base do Monte Sinai, onde não havia nenhuma estrutura a não ser para viajantes, simplesmente simples, porém tinha o básico que necessitávamos água e alimentação.
Após o jantar, nos reunimos junto ao ônibus que nos levaria o mais perto possível do Monte, localizado a uns 8 km de distância. A temperatura que durante o dia era de 40 a 45 graus, a noite chegava a 5 graus, Um frio que gelava a alma e por isto tivemos que colocar roupas sobre roupas.
Cada um levava sua lanterna ou farolete e água, pois a noite estava um breu e eram já mais de 11 horas da noite quando chegamos ao vale do Sinai onde encontramos com os guias egípcios que nos guiariam até o cume.
Seguimos agora pelo vale, andando por um caminho pedregoso, pois pedras e rochas são o que não faltava por ali. Do nosso lado direito, avistamos uma construção ao sopé das montanhas, habitadas pelos monges religiosos.
Nossos guias egípcios conhecem o caminho com facilidade e nos auxiliam a levar o material e os pedidos que serão queimados com os nossos lá no cume, pois creio que os nossos lá estão também. Comunicávamos por meio de sinais e por vezes tínhamos que gritar “Stop, Stop”, pois já iam muito a nossa frente.
Uma hora já se passou nesta caminhada e estamos chegando ao sopé das montanhas. O céu esta lindo, límpido, com milhares de estrelas que nos auxiliam nesta jornada.
20/10/89
Não faltou muito e as mulheres, começaram a reclamar da falta de ar e cansaço, o que levou o Pastor Paulo Roberto, hoje Bispo a retornar a base, enquanto os outros sob o comando do Bispo Macedo continuava a subir rumo ao objetivo proposto.
Devido ao intenso frio, colocamos diversas roupas que fomos tirando aos poucos, no calor da subida. Pelo caminho, encontramos rochas imponentes, como se fossem guardiões daquele caminho sinuoso e estreito.
Já são 2,30 horas da madrugada e parece que o cume é logo ali, porém só alcançamos mais uma etapa e continuamos a subir. Muitas montanhas ficam para trás, quase não as enxergávamos, pois estava escuro como breu, porém o céu, cada vez mais esta mais perto, mais lindo. Da até para notar meteoritos, rasgando o céu com sua cauda luminosa.
Por diversas vezes temos de parar, pois o coração parece que vai sair pela boca, batendo tão depressa que o peito chega a doer e o ar rarefeito, faz com que a boca fique seca.
Os guias que nos auxiliam e muito, passam por nós com tanta facilidade, que nos impressiona e não foi uma ou duas vezes que tivemos que pedir que nos aguardassem, pois já iam longe.
Chegamos. Oh, que alivio! O ar aqui é rarefeito, o jeito é tomar água e com um pano úmido colocado nos lábios e narinas procurar respirar o melhor possível. Mas espere ai! Chegamos sim a uma plataforma, onde devemos continuar subindo, agora uma escada feita nas rochas com aproximadamente 800 degraus. Meu Deus, que canseira.
A cada 40 ou 50 degraus, parávamos para respirar, pois além do ar ser rarefeito, como disse o coração parecia que ia sair peito a fora. Avistamos uma pequena construção no topo, talvez um local de descanso dos peregrinos, porém estava fechada, mas chegamos e nos jogamos no chão para descansarmos um pouco, pois já eram 4 ou 4.30 horas da madrugada.
É 5.30 h da manhã e o Bispo Macedo convidou a todo para a oração e queima dos pedidos. O meu também estava no meio de muitos e a fumaça subia ao céu como se fosse levada a presença de Deus por cada um de nós.
Após a oração começava há raiar o dia, as rochas que eram escuras e frias, agora já começam a ser delineadas. O sol começava a raiar e assim pudemos notar que estávamos sim na mais alta montanha da cordilheira, onde o clarear fazia as rochas possuírem uma cor dourada, lindo.
Meu Deus conseguimos! Um sonho que se tornou realidade. Eu aqui, no Sinai, onde vivi momentos inesquecíveis, que só em Espírito pode ser vivenciada.
Missão cumprida temos que voltar, pois o ônibus tem horário de voltar ao hotel e depois nos levar a fronteira de Israel.
Iniciamos a descida, que é muito pior que a subida, mil vezes. A cada degrau, a cada pedra na descida, por vezes não conseguíamos sentir nossa pernas, que não tinham mais controle e cada vez ficava mais difícil.
Os guias nos trouxeram por outro caminho e por ter muitos mais degraus encravados nas rochas, sofremos mais ainda. Nossas pernas, ò Deus, não queriam responder e cada curva abaixo, pensávamos que estávamos chegando e era só ilusão, mais descidas.
Com o clarear do dia, realmente pudemos notar o quão alto tínhamos subido e quão grande foi à valentia e determinação que nos susteve até aqui em nosso objetivo.
Estávamos a alguns quilômetros do mosteiro que se localizava na base da montanha e vimos quando nosso ônibus foi se retirando para o hotel. Meu Deus, gritamos, acenamos, mas foi em vão.
Ó meu Deus que canseira. E agora teremos que caminhar mais 8 km. Até o hotel. Porém ao chegarmos ao vale, encontramos outro grupo que se dirigia ao hotel, em seu ônibus e pedimos que nos levassem. Demos adeus aos guias e fomos em direção a nossa base.
No caminho encontramos outras pessoas de nosso grupo que foram conosco até o hotel.
Pensamos que íamos descansar. Mas que nada. Só um café simples e de volta ao ônibus, pois devemos chegar a fronteira antes das 4 horas da tarde, pois fecha a fronteira.
Ou dormiríamos dentro do ônibus. Saímos às 9 horas, um sol, meu Deus, o ônibus parecia um forno. Meu cantil satisfazia a nós e a muitos outros. Graças a Deus.
Por diversas vezes encontramos na volta, barreiras com soldados do Egito no meio do deserto, com poucas condições, tanto de higiene, quanto de logística, esquecidos neste fim de mundo.
Chegamos a fronteira e a volta foi tão complicada quanto a ida. Revista e revista tudo outra vez. Demoramos quase duas horas para percorrer quase 200 metros de barreiras, sempre vigiados entre o Egito e Israel, onde tomamos nosso ônibus rumo ao hotel em Eliat.
Que diferença entre os dois ônibus. Mas temos a certeza que nosso sacrifício será recompensado por Deus. E assim o foi. Alguns meses depois consegui a resposta de meu pedido e soube também que o Bispo Macedo também o seu.
21/10/89
Sacrifício. Sim foi um sacrifício. Porém agora que descansamos, comemos, tomamos nosso banho, estávamos prontos para retornar ao nosso país. O Brasil e nos preparar novamente para novos sonhos que temos a certeza que se concretizaram, pela Fé, em nossas vidas. Amém.
Luiz Antonio Dobroca.
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