O Relatório de Competitividade Global 2010/2011, publicado no segundo semestre deste ano pelo Fórum Econômico Mundial, ressalta que o Brasil tem um ensino superior aceitável, embora a educação de base apresente preocupantes indícios de piora.
É importante lembrar que, quando falamos sobre educação, estamos na verdade falando da capacidade do país em manter seu crescimento nas próximas décadas. E não há como se falar em educação hoje, sem considerar as características específicas da Geração Y e daquelas que a sucedem.
Longe de ser um fenômeno que simplesmente ocorreu, a Geração Y surgiu como fruto, entre outras coisas, de um cenário conturbado, onde a educação ainda tem indicadores de qualidade pífios – se bem que com tendências consistentes de melhoria. Um quadro em que a preocupação com o futuro se mistura à desesperança, na medida em que se navega pelos diferentes extratos da sociedade e onde trabalho e estudo já não são vistos como meios viáveis de realização pessoal.
E engana-se quem pensa que o problema está atrelado à falta de recursos do Governo para investir. Nações economicamente destacadas no mundo ombreiam com o Brasil – algumas ficam abaixo dele – quando o assunto é qualidade de ensino. O que significa dizer que há esperança para nós, desde que não a confundamos com a posição de quem espera por algo que aconteça por si só.
Na tentativa de melhorarmos este panorama, algumas ações como o ensino à distância, revitalização do ensino técnico, uso de novas mídias, universidades corporativas, entre outras, estão sendo incentivadas, de forma mais ou menos articulada. Tudo visando a preparação desta geração para a missão de conduzir o País a um futuro mais promissor e estável do que aquele que vislumbramos a cada marola da economia mundial.
Porém, falar de educação inclui, necessariamente, a capacidade de manter uma comunicação com uma geração que é exímia no uso de recursos tecnológicos de última geração e que tem, a um só tempo, sede de conhecimento e pouca paciência para assimilá-lo nas formas convencionais que ainda são usadas para transmiti-lo.
Diante deste fato, urge uma discussão ampla sobre as diversas dificuldades encontradas por pais, educadores e organizações no trato com aquelas pessoas que, progressivamente, estão direcionando o mercado de consumo, assumindo posições de decisão dentro das empresas e, por fim, tomando as rédeas de um mundo que lhes é deixado como uma herança não muito alentadora.
Tal iniciativa se faz necessária quando verificamos a tendência de algumas empresas estrangeiras de criarem departamentos de expatriação de profissionais, com o objetivo de fixar aqui profissionais trazidos de fora, para ocuparem cargos que a nossa mão de obra não se mostra capaz de tocar. Seja pai, educador, profissional de RH (recursos humanos) ou simplesmente cidadão engajado, é preciso se abrir para esta discussão que vai da educação à comunicação, da criatividade à legislação, do amor à urgência.
(*) Osmar Rezende de Abreu Pastore é mestre em Administração, professor da Universidade Anhembi Morumbi (SP), consultor e coordenador do Fórum de Educação e Comunicação do Movimento INOVAcomm
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